Os vereadores aprovaram na 40ª Reunião Ordinária do ano o Projeto de Lei 174/25, de autoria de Luiz Rossini (Republicanos), que denomina Laudelina de Campos Mello o velório do Cemitério Parque Nossa Senhora da Conceição, conhecido como Cemitério dos Amarais.
Laudelina de Campos Melo foi uma brasileira militante do Partido Comunista Brasileiro, defensora dos direitos das mulheres e das empregadas domésticas, fundadora do primeiro sindicato daquela classe trabalhadora no Brasil. “Vale destacar ainda que Laudelina está sepultada no Cemitério dos Amarais, local onde se pede a homenagem”, ressalta Rossini.
Ela nasceu Poços de Caldas (MG), em 12 de outubro de 1904, e faleceu em Campinas, no dia 12 de maio de 1991. Laudelina foi filha de pais alforriados pela Lei do Ventre Livre, em 1871. Seu pai morreu quando tinha doze anos, atingido por uma árvore que cortava com outros dois filhos. Obrigada a trabalhar desde os 7 anos, abandonou a escola para cuidar dos cinco irmãos mais novos, enquanto a mãe trabalhava.
Na adolescência, auxiliava a mãe na confecção de compotas, geleias e doces caseiros que eram vendidos para aumentar a renda. Aos 16 anos foi eleita presidente do Clube 13 de Maio, que promovia atividades recreativas e políticas entre a população negra de sua cidade.
Começou a trabalhar como empregada doméstica e trabalhou na casa de Juscelino Kubitschek. Mudou-se para São Paulo aos 18 anos e casou-se aos 20, com Geremias Henrique Campos Mello. Em 1924 mudou-se para Santos, onde teve seu primeiro filho.
Junto do marido, Laudelina participou da agremiação Saudade de Campinas, grupo que valorizava a cultura negra em Santos. O casal se separou em 1938, com dois filhos como resultado da união. Laudelina passou a atuar de forma mais intensa em movimentos populares, de cunho político e reivindicatório, especialmente depois de se filiar ao Partido Comunista Brasileiro, em 1936.
Naquele ano, Laudelina fundou a primeira Associação de Trabalhadores Domésticos do país, fechada durante o Estado Novo, e voltando a funcionar em 1946. Várias outras associações começaram a surgir em São Paulo, sob a coordenação do professor Geraldo de Campos Oliveira, presidente do Clube Cultural Recreativo do Negro e membro do Partido Libertador.
Laudelina também trabalhou para a fundação da Frente Negra Brasileira, militando na maior associação da história do movimento negro, que chegou a ter 30 mil filiados ao longo da década de 1930. Em 1948, a família para a qual Laudelina trabalhava a convidou para ser gerente do hotel fazenda que possuíam em Mogi das Cruzes, onde permaneceu por três anos. Com a morte da matriarca da família, Laudelina veio para Campinas, cidade que dava preferência às empregadas brancas, o que levou Laudelina a protestar junto à imprensa por veicular anúncios preconceituosos.
Integrou-se ao Movimento Negro de Campinas, participando de eventos que visavam levantar a autoestima da comunidade negra, com teatros e palestras, inclusive promovendo, em 1957, um baile de debutantes, o Baile Pérola Negra, para jovens negras, no Teatro Municipal.
Em 1961, obteve o apoio do Sindicato da Construção Civil para fundar, em suas dependências a Associação Profissional Beneficente das Empregadas Domésticas. À frente da entidade promoveu manifestações contra o preconceito racial.
Cerca de 1.200 empregadas domésticas estiveram no ato da inauguração da associação, em 18 de maio de 1961. No ano seguinte, foi convidada a participar da organização de diversos sindicatos da categoria em outros estados, participando também de movimentos negros e feministas.
Para que a associação não fechasse, devido ao Golpe de Estado de 1964, Laudelina aceitou abrigá-la na União Democrática Nacional. A entidade acabou se dissociando, depois que Laudelina ficou doente em 1968, o que a levou a se desvincular do movimento de empregadas domésticas.
Voltou à direção em 1982, por insistência de suas antigas companheiras. Em 1988, a associação se tornou Sindicato das Empregadas Domésticas e continuou a lutar em favor do direito das empregadas domésticas, combatendo a discriminação da sociedade em relação às empregadas domésticas, exigindo melhor remuneração e igualdade de direitos sociais.
Laudelina morreu aos 86 anos, em Campinas, deixando sua casa para o sindicato da cidade. Em 1989, foi criada a organização não governamental Casa Laudelina Campos Mello, dedicada a celebrar a atuação e militância de Laudelina, fundamentais para a conquista do direito à Carteira de Trabalho е Previdência Social.
Agora o Projeto segue para são do prefeito Dario Saadi.
Texto e Foto: Câmara Municipal de Campinas